Cenário Macroeconômico e Setorial
O ano de 2015 foi extremamente desafiador do ponto de vista econômico e político para o Brasil. A recessão atingiu diretamente os índices de desemprego, fechando 1,54 milhão de postos de trabalho em 2015. Aliado a este fato, o recrudescimento da inflação impactou os custos de produção e dos insumos ocasionando o reajuste dos produtos derivados de petróleo, entre eles o GLP.
Nesse ambiente desafiador, o mercado de GLP no Brasil totalizou um volume de vendas de 7,3 milhões de toneladas, retração de 1,5% em relação a 2014, segundo dados divulgados pela ANP.
Desempenho Comercial
A Liquigás teve menor retração em suas vendas que a percebida no mercado total de distribuição de GLP, em decorrência de ações promocionais e atuação responsiva sobre as oscilações comerciais ao longo do ano. Seu volume de vendas apresentou redução de 0,9% e totalizou
1,65 milhão de toneladas em 2015 comparado a 1,67 milhão de toneladas comercializadas em 2014. Com isso, a companhia cresceu 0,14 pontos percentuais em seu market share consolidado, que atingiu 22,6% em 2015 contra 22,5% em 2014, o que a mantém como segunda maior empresa do setor.
Envasado
A Liquigás manteve a liderança no segmento Envasado com market share de 23,8%. Esse resultado reflete o mercado recessivo que marcou o ano, com redução de 0,2 pontos percentuais em relação ao ano anterior que foi de 24,0%. Neste segmento, a companhia vendeu 1.330,5 mil toneladas em 2015, comparadas a 1.339,6 mil toneladas comercializadas em 2014.
1,65 milhãode toneladas foi o volume comercializado
pela Liquigás em 2015
Granel
As vendas da Liquigás no segmento Granel em 2015 atingiram o volume de 322,6 mil toneladas, total 1,9% inferior a 2014, quando foram vendidas 328,8 mil toneladas. A diminuição do consumo no setor industrial, em função da situação econômica mencionada, foi compensada com a exploração de outros segmentos, tais como condomínios, hotéis e comércio em geral, que foi possível graças à pulverização alcançada das vendas e aos diferenciais dos produtos e serviços oferecidos.
Embora o volume de vendas a Granel tenha sido inferior ao ano anterior, a Liquigás foi a distribuidora que mais cresceu em market share nesse segmento, com 0,7 pontos percentuais a mais que o ano anterior, alcançando a marca de 19,5% de participação (18,8% em 2014), com destaque para o recorde de 20,1% de market share alcançado durante o mês de julho de 2015.
Somos a distribuidora que mais cresceu em market share no segmento Granel, alcançando a marca de
19,5% de participação
Crescimento de
48% nas vendas
do Purogas
As vendas de Purogas em 2015 cresceram 48,0% quando comparadas a 2014, impulsionadas tanto pelo aumento no consumo de clientes de grande porte como por novos contratos. A companhia investiu ao longo do ano na planta de filtragem de Propano e Butano, tanto para aumentar a eficiência e otimizar o processo produtivo, quanto para aumentar a capacidade de atendimento de produto. Para 2016, com a continuidade das migrações das produções de multinacionais para o Brasil, ainda é esperado um crescimento de mercado dos produtos em aerossol na casa de dois dígitos e, com a ampliação, a empresa está plenamente preparada para atender esta crescente demanda.
Em relação à Medição Individualizada (MI) o destaque foi o número de clientes, que superou a marca de 43 mil. O valor representa um crescimento de mais de 11,0% em relação ao ano anterior, como resultado do significativo esforço na prospecção e manutenção de novos clientes pelas áreas responsáveis. O serviço de Medição Individualizada foi lançado no Estado do Espírito Santo, totalizando presença em 12 estados brasileiros. A MI teve ainda como destaque no ano de 2015 o lançamento da nova conta, com a possibilidade de venda de espaço publicitário, uma oportunidade diferenciada para se obter receita adicional à atividade principal obtida pela distribuição de GLP a granel.
Medição Individualizada: lançamento do serviço no ES, fechando 2015 com presença em 12 Estados brasileiros. A expansão do produto refletiu positivamente no aumento de 11% no número de clientes quando comparado a 2014
Resultados
Receita Operacional Líquida
Em 2015, a receita operacional líquida da Liquigás foi de R$ 3.295,8 milhões, um crescimento de 10,7% em relação ao ano de 2014. O volume de vendas caiu nos dois segmentos explorados pela Liquigás (Envasado e Granel), contudo a empresa conseguiu melhorar as margens praticadas, o que compensou em parte a perda gerada pela queda do volume vendido.
Custo dos Produtos Vendidos
O Custo dos Produtos Vendidos (CPV) totalizou R$ 2.217,9 milhões em 2015, valor 8,0% superior aos R$ 2.053,5 milhões do ano 2014, apesar da ligeira queda no volume de vendas no período. Os principais fatores para este crescimento foram o aumento do custo do GLP destinado ao segmento Granel, este último impactado pela importação de derivados de petróleo para fornecimento no mercado interno, aliados ao reajuste do preço do GLP destinado à venda através de botijões (gás de cozinha para consumo residencial em botijões de 13 kg) comercializados pelo segmento Envasado, preço que estava congelado há mais de 13 anos nas refinarias, bem como pela reposição inflacionária do período que incidem sobre os demais insumos de distribuição. Contudo, a variação foi inferior à inflação do período, que foi de 10,7% (IPCA, IBGE).
Vale destacar que o crescimento no CPV foi menor que o aumento percentual na receita operacional, em função de medidas tomadas para a otimização dos custos operacionais e de distribuição, mencionados no tópico Atuação Comercial, Operacional e Logística deste relatório.
Em 2015, o CPV representou 67,3% da receita líquida contra 69,0% registrado em 2014, com melhoria de 1,7 p.p. em relação ao período anterior.
Receita Operacional Líquida (R$ milhões)
R$ 1.077,8 milhão foi o lucro bruto de 2015, o que representa um crescimento de 16,6% em relação a 2014
R$ 114,3 milhões foi o lucro líquido em 2015, um montante duas vezes maior que o lucro líquido do exercício anterior
Lucro Bruto
O lucro bruto em 2015 atingiu o montante de R$ 1.077,8 milhão e cresceu 16,6% quando comparado ao valor obtido em 2014, que foi de R$ 924,0 milhões. A margem bruta representou 32,7% da receita líquida, com acréscimo de 1,7 p.p. sobre a margem alcançada em 2014. O crescimento da receita operacional líquida em montante superior ao do custo dos produtos vendidos, conforme acima reportado, contribuiu para a melhoria da margem.
Receitas (Despesas) Operacionais
As despesas operacionais líquidas totalizaram R$ 911,7 milhões em 2015, acréscimo de 10,1%, frente aos R$ 828,3 milhões registrados em 2014. Este acréscimo também foi ligeiramente inferior à inflação do período.
As despesas com vendas cresceram 5,2% no ano de 2015 em relação ao ano anterior, alcançando R$ 714,5 milhões. Este crescimento, também abaixo da inflação, deve-se principalmente ao reajuste dos salários e benefícios conforme correção das cláusulas econômicas da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), sendo que este item representa 58,4% da variação total desta rubrica e é equivalente a R$ 20.619 mil.
As despesas gerais e administrativas atingiram R$ 183,0 milhões e cresceram 5,3% em relação ao ano anterior, influenciadas também pelo aumento das despesas com pessoal, que representa 78,5% da variação desta rubrica. Vale destacar que a variação destas despesas também foi menor do que a inflação do período.
Outras receitas e despesas operacionais líquidas totalizaram em 2015 uma despesa de
R$ 6,0 milhões, enquanto em 2014 houve uma receita de R$ 30,3 milhões no ano anterior, impactada principalmente pela venda de um imóvel em Guarulhos.
Ebitda
O Ebitda atingiu R$ 214,0 milhões em 2015, comparado a R$ 147,8 milhões do ano anterior, expansão de 44,8% no período. A margem Ebitda foi de 6,5%, um aumento de 1,5 p.p. em relação à margem Ebitda de 5,0% obtida em 2014.
Impostos
A soma da alíquota nominal do IRPJ (25,0%) e da CSLL (9,0%) totaliza 34,0%. Embora tenha havido um crescimento do lucro operacional e naturalmente do montante do IRPJ e CSLL de R$ 24,4 milhões em 2014 para R$ 28,8 milhões em 2015, a alíquota efetiva do imposto sobre o lucro do exercício atingiu 20,12%, pois a companhia identificou a oportunidade de efetuar a distribuição de Dividendos na forma de Juros sobre Capital Próprio (JCP). O resultado deste planejamento gerou uma economia tributária de IR e CS na ordem de R$ 14,5 milhões. Caso não tivesse feito este planejamento a alíquota efetiva do IRPJ e CSLL teria sido de 31,64%, próxima àquela obtida no ano de 2014 que foi de 31,57%. Para maiores informações vide Nota Explicativa nº 14.4 – Reconciliação do imposto de renda e contribuição social sobre o lucro.
Ebitda (R$ milhões)
Lucro Líquido
O lucro líquido da Liquigás mais que dobrou em 2015, crescendo 116,1% e atingindo
R$ 114,3 milhões ante R$ 52,9 milhões em 2014. A margem líquida atingiu 3,5%, 1,7 p.p. maior que a margem obtida no ano anterior, de 1,8%.
Endividamento
Em 31 de dezembro de 2015, a dívida bruta da Liquigás era de R$ 145,3 milhões, equivalente a 15,9% do Patrimônio Líquido. O endividamento de longo prazo representava 30,5% do endividamento total e está relacionado à contratação de financiamentos do BNDES destinados à construção do Centro Operativo de Barueri, bem como à modernização, construção e ampliação de diversas outras unidades operacionais.
A partir de setembro de 2015, seguindo orientações da controladora, a Liquigás passou a considerar o saldo correspondente às captações realizadas por meio da antecipação de recebíveis junto ao Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios Não Padronizados do Sistema Petrobras (FIDC-NP) como endividamento (passivo circulante). Dessa forma, o montante de
R$ 70,6 milhões, que representa 48,6% do endividamento da companhia, foi classificado no passivo circulante.
Essa linha de crédito possui uma taxa fixada em 100,5% do CDI para antecipação de recursos, garantidos através da cessão de títulos da carteira de recebíveis, exclusivamente disponibilizada para empresas pertencentes ao Sistema Petrobras.