O bom desempenho das operações no decorrer de 2011 está refletido no resultado consolidado da Algar Agro. Com 1,3 milhão de toneladas de soja originada, mais uma vez a Companhia quebrou seu recorde anterior em termos de volume. As incertezas econômicas geradas a partir da crise fiscal de alguns países do bloco europeu, em termos mundiais, e o arrefecimento do ritmo de crescimento da economia brasileira, em termos regionais, não tiveram impacto negativo relevante sobre o principal segmento de atuação da Companhia, qual seja, o mercado de soja e seus derivados.
As eventuais oscilações dos preços, típica do segmento de commodities, foram geridas a partir de estratégias de proteção com base em operações de hedge. A unidade do Maranhão continuou ampliando sua participação no resultado, com o aumento da capacidade de fabricação de farelo e de óleo degomado, enquanto a unidade do Triângulo Mineiro manteve sua alta produtividade e a liderança regional no mercado de óleo envasado, além de ampliar a venda dos demais produtos alimentícios com a marca ABC de Minas. As vendas externas, tanto do grão quanto do farelo, também apresentaram alta.
A receita operacional líquida de 2011 registrou aumento de 24,4% em relação ao exercício anterior, atingindo R$ 1.132,5 milhões. O desempenho resulta de crescimento em todos os itens que compõem a receita, a saber: soja em grãos, óleo degomado e farelo, óleo envasado e gado bovino, suíno, leite e revenda de mercadorias com a marca ABC de Minas.
No decorrer do mesmo período, o custo dos produtos vendidos (CPV) apresentou evolução de 33,4%, tendo passado de R$ 722,0 milhões em 2010, para R$ 963,0 milhões em 2011. Pela própria característica dos negócios da Algar Agro, o CPV é composto principalmente pelo custo de aquisição de matéria-prima que, em 2011, representou 91,6% do total. Este item, isoladamente, teve aumento de 35,9% no período, resultado do maior volume de soja originada no ano, além da oscilação dos preços no mercado.
Como resultado do aumento proporcionalmente maior do CPV em relação ao ganho de receita, o lucro bruto apresentou recuo de 10,1% na comparação entre os exercícios de 2011 e 2010, tendo atingido
R$ 169,5 milhões, com margem bruta de 15,0%.
O crescimento dos negócios é também acompanhado de evolução no total de despesas operacionais, que totalizaram R$ 103,9 milhões em 2011, ante R$ 87,1 milhões no exercício anterior, com alta de 19,3% no período. Mais uma vez em razão das características das atividades operacionais da Algar Agro, fortemente voltada para a comercialização de produtos agrícolas, suas despesas operacionais se concentram mais fortemente nas despesas com vendas. No exercício de 2011, esse item totalizou R$ 75,0 milhões, sendo responsável por 72,2% do total das despesas operacionais do exercício. Comparado ao ano anterior,
houve evolução de 23,2% no período. As despesas comerciais tendem
a acompanhar a evolução do volume de negócios e são representadas,
em sua maior parte, por fretes, fobbings (despesas com exportação) e
comissões sobre vendas.
2010 R$ 87,1 milhões |
2011 R$ 103,9 milhões |
As despesas administrativas apresentaram alta de 27,9% ante 2010, atingindo R$ 28,8 milhões. A conta tem nas despesas com pessoal e nos serviços de terceiros (assessorias e consultorias, mão de obra temporária, gastos com viagens, etc), que atingiram em 2011 R$ 11,4 milhões e R$ 13,0 milhões, respectivamente, seus principais componentes. O desempenho se explica por adequação na estrutura administrativa para suportar o plano de crescimento da Companhia.
No exercício de 2011, a geração operacional de caixa medida pelo EBITDA (sigla em inglês para lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) foi de R$ 53,4 milhões, com margem de 4,7%. Em comparação com o ano anterior, houve recuo de 15% no EBTIDA e de 2,2 ponto percentual na margem, principalmente explicado pelo desempenho dos gastos administrativos descritos anteriormente.
As atividades financeiras tiveram resultado líquido negativo de R$ 34,1 milhões, considerando receitas financeiras anuais de R$ 314,9 milhões e despesas de R$ 349,0 milhões. Os principais itens a onerar as despesas financeiras no decorrer do exercício foram: (i) resultado de operações de hedge (derivativos e marcação a mercado) em commodities; (ii) variações cambiais passivas, resultado especialmente de perdas com a valorização da moeda nacional na conversão de exportações; e (iii) pagamento de juros sobre empréstimos. Comparado ao ano anterior, as despesas financeiras foram majoradas em R$ 79,5 milhões, ou 29,5%, sendo as perdas cambiais isoladamente responsáveis por 93,0% de tal aumento.
Parcialmente compensando a evolução das despesas, as receitas financeiras da Companhia em 2011 tiveram aumento de R$ 106,4 milhões, ou 51,0%, em relação ao exercício anterior. O item mais relevante das receitas financeiras foram os ganhos com derivativos e marcação a mercado de commodities, que somou R$ 270,0 milhões no período, ante R$ 165,9 milhões no exercício anterior. O resultado líquido dessas operações de hedge em 2011, considerando o total de ganhos excluído o total de perdas, foi positivo em R$ 70,4 milhões, o que confirma a efetividade de tais operações financeiras como proteção para as operações de comercialização física da soja.
Abaixo, segue o demonstrativo dos resultados financeiros considerados operacionais pela Companhia, sendo ajustados para fins de apresentação de EBIT/EBITDA:
Composição do Ajuste do EBIT/EBITDA (em R$ milhões) | 2011 |
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Resultado das operações com instrumentos financeiros de proteção | 70,4 |
Resultado da variação cambial | ‐55,9 |
Resultado financeiro líquido das operações de giro | ‐36,7 |
Total | ‐22,2 |
Desta forma, o EBITDA analisado acima já contempla estes ajustes, considerando como Resultados Financeiros Líquidos basicamente os valores correspondentes às operações de financiamento dos investimentos de longo prazo (Capex) e despesas e taxas bancárias associadas.
O resultado final consolidado da Algar Agro no exercício de 2011 foi lucro líquido de R$ 25,6 milhões, praticamente em linha com os R$ 26,6 milhões de lucro registrados no exercício anterior. A margem sobre a receita operacional líquida foi de 2,3%, 0,6 ponto percentual abaixo da registrada em 2010, mantendo-se acima da margem observada nos exercícios anteriores.
Lucro Líquido (R$ milhões) e Margem Líquida (%)Em 31 de dezembro de 2011, a Companhia registrava dívida bruta consolidada de R$ 842,1 milhões e posição de caixa de R$ 278,4 milhões, o que indicava dívida líquida de R$ 563,6 milhões na data. No encerramento do exercício anterior, a dívida líquida somava R$ 464,0 milhões, o que indica que, no decorrer de 2011, esta foi majorada em 21,5%, acompanhando o aumento do volume de soja originada.
O endividamento de longo prazo era de R$ 214,8 milhões no encerramento do ano, com vencimento até 2022. O principal empréstimo é representado por uma linha de crédito do Fundo de Financiamento do Nordeste (FNE), tomado em dezembro de 2005 com vencimento em 2020, para dar suporte aos investimentos realizados na região do MAPITOPA, incluindo a nova unidade industrial do Maranhão. Ao final de 2011, o saldo de tal financiamento era de R$ 111,2 milhões.
Os empréstimos de curto prazo, obtidos com o objetivo de financiar as atividades operacionais, somavam R$ 717,7 milhões em 31 de dezembro de 2011, montante 47,0% superior aos R$ 488,2 milhões registrados no final do ano anterior. A evolução denota o maior volume de operações da Companhia no decorrer de 2011. As atividades da Algar Agro envolvem grandes movimentações de capital de giro, principalmente no sentido de financiar os produtores parceiros e fazer as aquisições de grãos. Os principais itens que compunham o endividamento de curto prazo ao final do ano eram Adiantamentos de Contrato de Câmbio (ACC) e pré-pagamentos, que totalizavam R$ 489,4 milhões, e créditos de exportação, somando R$ 212,4 milhões.
Perfil da Dívida Líquida* 31/12/2011 – R$ 531,1 milhão |
Composição da Dívida de Curto Prazo 31/12/2011 – R$ 717,7 milhão |
Indicadores financeiros (em R$ mil) | 2007 | 2008 | 2009 | 2010 | 2011 | 2011 x 2010 |
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Receita líquida | 676.480 | 1.068.954 | 1.035.680 | 910.624 | 1.132.520 | 24% |
Despesas/receitas operacionais | ‐58.096 | ‐52.440 | ‐80.097 | ‐87.096 | ‐103.882 | 19% |
Resultado operacional (EBIT) | 18.746 | 38.249 | 27.187 | 55.103 | 43.384 | ‐21,3% |
EBITDA | 26.272 | 51.239 | 41.330 | 62.859 | 53.444 | ‐15,0% |
Resultado financeiro líquido | 15.047 | ‐163.586 | ‐23.803 | ‐60.908 | ‐34.069 | ‐44% |
Lucro (prejuízo) líquido | 14.491 | 20.135 | 11.488 | 26.566 | 25.591 | ‐4% |
Ativo total | 578.829 | 1.084.278 | 1.075.213 | 1.121.677 | 1.376.209 | 23% |
Patrimônio líquido | 133.514 | 153.249 | 314.774 | 330.858 | 350.371 | 6% |
Caixa líquido | 15.330 | 427.990 | 244.468 | 151.485 | 278.413 | 84% |
Divida líquida de estoque de soja pago | 55.467 | 61.164 | 123.606 | 100.164 | 131.186 | 31% |
relação Dívida/EBITDA | 2,1 | 1,2 | 3,0 | 1,6 | 2,5 | 54% |
ROE (%) | 11% | 13% | 4% | 8% | 7% | ‐9% |
Margens (%) | ||||||
Margem bruta |
‐0,1% | 18,3% | 3,8% | 11,1% | 5,8% | ‐48% |
Margem EBITDA |
3,9% | 4,8% | 4,0% | 6,9% | 4,7% | ‐32% |
Margem líquida |
2,1% | 1,9% | 1,1% | 2,9% | 2,3% | ‐23% |