O setor elétrico foi afetado pela diminuição da atividade industrial e por discussões regulatórias, entre elas o GSF – do inglês Generation Scale Factor, que corresponde ao fator de ajuste da energia assegurada das usinas hidrelétricas –, em virtude da crise hidrológica que se iniciou ao final de 2012. A questão do GSF foi tratada após a publicação da Lei nº 13.203/2015, em 9 de dezembro, e posterior normatização editada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Com a devida anuência desta, a Tractebel Energia, como outras empresas, aderiu à repactuação do risco hidrológico para o ambiente de contratação regulada, o que não ocorreu para o mercado livre.

A Companhia obteve êxito em 2015 na manutenção dos seus ratings em escala nacional, apesar do rebaixamento das notas atribuídas ao Brasil pelas principais agências de avaliação de risco. Nesse particular, para que se possa avaliar a solidez financeira da Tractebel Energia, cabe observar que em 31 de dezembro sua dívida líquida era de R$ 1,2 bilhão, inferior ao lucro líquido no exercício e 45,7% menor que a do final de 2014.

Em 2016, a Companhia integrará, pelo 11º ano consecutivo, o Índice de Sustentabilidade Empresarial da BM&FBovespa (ISE), que se baseia no desempenho das empresas listadas em relação aos aspectos de eficiência econômica, equilíbrio ambiental, justiça social e governança. O ISE corresponde a uma carteira de ações de até 40 companhias, número que foi alcançado na carteira de 2015 e que se limitou a 35 na de 2016. A Tractebel Energia está entre as 10 empresas que fazem parte do ISE desde a sua criação, em 2005.



A controladora da Companhia é líder mundial na produção independente de energia, e é com esse posicionamento que se insere no processo de transição global na direção da descentralização, descarbonização e digitalização da energia. Para isso, a GDF SUEZ reestruturou-se mundialmente e mudou seu nome para ENGIE. Por essa razão, desde 17 de dezembro, a Tractebel Energia adotou uma nova logomarca. O Brasil, com seu potencial de fontes renováveis e mercados, passa a ser uma das 24 unidades de negócios da ENGIE no mundo, à parte do bloco dos demais países da América Latina, ratificando a confiança da controladora na capacidade de superação e crescimento do País.

Como parte dessa visão de longo prazo, a Tractebel Energia deu sequência ao seu plano de expansão. No segundo leilão de energia de reserva de 2015, promovido pela Aneel em novembro, a Companhia vendeu 9,2 MW médios, pelo prazo de 20 anos, a partir de 1º de novembro de 2018. A energia será gerada pela Central Fotovoltaica Assú V, integrante de um projeto composto de cinco centrais – o Complexo Assú, no município de mesmo nome, no Rio Grande do Norte. Assú V terá capacidade instalada de 36,7 MW, e suas obras deverão ser iniciadas em 2016.

Em maio, foram concluídas as obras de ampliação da capacidade da Ferrari Termelétrica, a biomassa, em Pirassununga (SP), que agora soma 80,0 MW, agregando 15,0 MW à capacidade original da planta e ao parque gerador da Companhia. Em Trairi, no Ceará, a implantação do Complexo Eólico Santa Mônica prosseguiu, e sua entrada em operação comercial está prevista para 2016. Com capacidade de 97,2 MW, será composto de quatro centrais eólicas. No Leilão A-3, ocorrido em agosto de 2015, a Tractebel Energia comercializou 46,0 MW médios desse empreendimento, pelo prazo de 20 anos, a partir de 1º de janeiro de 2018.

Já a implantação da primeira fase do Complexo Eólico Campo Largo, na Bahia, de 326,7 MW, foi iniciada em 2015 pelo desdobramento dos estudos, iniciados na fase de avaliação do projeto, relativos à sua inserção socioambiental na região, à logística de circulação de equipamentos e possíveis sinergias para interconexão ao Sistema Interligado Nacional (SIN) de seus 121 aerogeradores, de 2,7 MW cada. Parte de sua energia, correspondente a 82,6 MW médios, foi vendida pelo prazo de 20 anos, a partir de 1º de janeiro de 2019, e o restante deverá ser comercializado no mercado livre. Em seu portfólio de projetos eólicos, a Companhia conta ainda com a segunda fase de Campo Largo, com 300 MW de capacidade instalada, e Santo Agostinho, no Rio Grande do Norte, com potencial de 600 MW.

Destaque também para o licenciamento e o início das obras da Usina Termelétrica Pampa Sul, no município de Candiota, no Rio Grande do Sul, que terá capacidade instalada de 340,0 MW. O projeto foi aprovado como empreendimento prioritário pelo Ministério de Minas e Energia, e será conectado ao SIN, contribuindo para sua estabilidade.

A Usina Hidrelétrica Jirau, com capacidade total de 3.750 MW, por meio de 50 unidades de 75 MW cada, atingiu sua energia assegurada de 2.184 MW médios em julho, com 33 unidades em operação. Em dezembro, 40 já estavam operando, e uma em fase de testes. A ENGIE detém 40% de participação no empreendimento, que será transferida para a Tractebel Energia com a condição de anuência do Comitê Especial Independente para Transações com Partes Relacionadas, a ser composto em sua maioria por representantes dos acionistas minoritários no Conselho de Administração.

A Companhia também investe na excelência da operação e manutenção do parque gerador. Em 2015, descontadas as paradas programadas, a disponibilidade das usinas alcançou 97,4%, superando o índice de 2014, de 96,5%. A Tractebel Energia realiza investimentos na modernização, que, além de aprimorar o desempenho das usinas e contribuir para ampliar sua vida útil, possibilitam ganhos adicionais. Melhoramentos nas usinas hidrelétricas Salto Santiago, Ponte de Pedra e São Salvador ampliaram a capacidade de comercialização total de energia própria da Companhia em 15,5 MW médios já em 2015. Ao final dos trabalhos, mais 13,2 MW médios serão agregados.

A destacar ainda a gestão da saúde e segurança no trabalho: em 2015, não houve acidentes com afastamento de empregados próprios, sendo que, com empregados de contratadas, ocorreram três acidentes, com um período total de 22 dias afastamento.

A Companhia também procura contribuir para a melhoria da qualidade de vida das comunidades, tendo como principal projeto a implantação de Centros de Cultura nas regiões das suas usinas, notadamente em municípios afastados das capitais dos estados e carentes em arte, cultura, capacitação e lazer. Quatro desses centros estão em funcionamento, nos municípios de Entre Rios do Sul (RS), Quedas do Iguaçu (PR), Alto Bela Vista e Capivari de Baixo (SC). Dotados de anfiteatro e salas de exposição, inclusão digital e capacitação profissional, todos são administrados por associações locais, previamente capacitadas em gestão de espaços e projetos culturais. Até 2017, quatro novos centros, com a mesma concepção, deverão ser concluídos, nos municípios de Minaçu (GO), Trairi (CE), Saudade do Iguaçu (PR) e Itá (SC).

Um setor vital como o de energia elétrica requer tanto planejamento quanto bases regulatórias de longo prazo. Desequilíbrios entre oferta e demanda de energia e/ou do preço de sua comercialização em relação ao investimento – principalmente quando este envolver importações em cenários de desvalorização cambial – são fatores que podem ocorrer no curto prazo e que tornam ainda maiores a responsabilidade dos agentes e a necessidade de diálogo e entendimento. Ao mesmo tempo, investimentos em fontes renováveis devem continuar recebendo especial atenção de empreendedores e governo, assim como o gás natural poderá ter papel relevante para trazer maior segurança de oferta e fornecimento de energia, além de gerar menos emissões em relação ao carvão e ao petróleo.

Nesse contexto, os planos de atuação da ENGIE no Brasil não se limitam a investimentos para uma expansão capaz de contribuir para as necessidades do País. Com sua nova estrutura, a controladora inclui entre seus objetivos a conquista de novos mercados e maior proximidade a clientes e consumidores, por meio da sinergia entre produtos e serviços, desde soluções para geração distribuída e maior sustentabilidade para cidades, até serviços de eficiência energética e outros de aplicação industrial.

Aos empregados, clientes, acionistas, prestadores de serviços, fornecedores e parceiros da Tractebel Energia e da ENGIE, às organizações governamentais e não governamentais do nosso relacionamento empresarial, e a todos os demais com quem compartilhamos esforços e vitórias, nossos agradecimentos.


Maurício Stolle Bähr
Presidente do Conselho de Administração
Manoel Arlindo Zaroni Torres
Diretor-Presidente